Nesta tese de Angela Maciel a autora faz uma análise crítica dos manuais didáticos best-sellers utilizados em cursos de iniciação ao projeto arquitetônico e, segundo a autora, se confirma a inadequação desses recursos para os objetivos a que se propõem. Os manuais analisados, apesar de variarem em suas abordagens, apresentam um reducionismo incompatível com a construção de paradigmas contemporâneos para o ensino de arquitetura. Estes livros focam-se em aspectos isolados do design arquitetônico, frequentemente negligenciando a complexidade e a multiplicidade de elementos que compõem a prática arquitetônica, como fundamentos teóricos, aspectos construtivos e a experiência do usuário.
Esta tese questiona o como compreendemos e discorremos acerca da criação em arquitetura e a compreensão do projeto como desenvolvimento. As principais conclusões às que chega o autor se baseiam nas críticas aos procedimentos prefigurativos da ideia e do método como ferramentas de projeto. Propondo o tema da criação arquitetônica a partir de que toda percepção e pensamento tem lugar a partir de uma perspectiva que é alterável, o trabalho se interessou pela compreensão do projeto como devir, como um “ser-em-movimento”. Segundo o autor, o trabalho procurou se legitimar por argumentação mais que por adequação onde as conclusões obtidas se referem acerca de possibilidades de existência. Para o autor o trabalho apresenta a possibilidade de que a elaboração de projetos seja compreendida como vinculada às seguintes noções articuladoras: o projeto como algo mais do que representação de uma coisa outra; o projeto como local de confluência de vetores diversos, não preestabelecidos, por vezes não precisos e ainda cambiantes; o arquiteto como local de confluência de vetores diversos, em substituição ao conceito humanista que supõe o homem como autônomo, autêntico e uno; o projeto como invenção e pesquisa; o projeto como percurso imprevisível e indeterminado; a construção do projeto como construção de conhecimento; o arquiteto como ordenador, mais do que como o agente determinador da forma; o projeto como resultante da vontade de processo mais do que dá vontade de forma; o projeto como equilíbrio entre movimentos de resistência, tentativa e cessão; a possibilidade de realinhamento de fala e prática do projeto; a área de atuação autônoma da teoria do projeto, desvinculada da teoria da arquitetura.
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