No texto de Heidegger, o conceito de habitar passa a significar a totalidade da nossa permanência terrena como “mortais sobre essa terra” que somos. Portanto, é necessário e válido desenvolver um ato reflexivo, que leve a questionar sobre o significado daquela habitação.
Tudo isto leva-nos a refletir sobre a própria construção, a qual deve responder à necessidade de habitar o ser humano em sua residência na terra e para além das simples regras e técnicas construtivas e das preocupações habituais dos urbanistas e arquitetos.
A essência de construir é deixar-habitar. A plenitude de essência é o edificar lugares mediante a articulação de seus espaços. Somente em sendo capazes de habitar é que podemos construir.
Nos tempos em que vivemos e na crise em que a arquitetura e seu ensino se encontram, talvez Heidegger e seu ensaio nos ajudem a compreender a importância de se pensar nas coisas mesmas e no ser humano.
Já é um enorme ganho se habitar e construir tornarem-se dignos de se questionar e, assim, permanecerem dignos de se pensar. (…) Construir e pensar são, cada um a seu modo, indispensáveis para o habitar.
TÍTULO DO ARTIGO: Construir, Habitar, Pensar
NOME DO AUTOR: Martin Heidegger – Tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback
ANO DE PUBLICAÇÃO: 1954
RESUMO:
As páginas que se seguem são uma tentativa de pensar o que significa habitar e construir. Esse pensar o construir não pretende encontrar teorias relativas à construção e nem prescrever regras à construção. Este ensaio de pensamento não apresenta, de modo algum, o construir a partir da arquitetura e das técnicas de construção. Investiga, bem ao contrário, o construir para reconduzi-lo ao âmbito a que pertence àquilo que é. Perguntamos:
1. O que é habitar?
2. Em que medida pertence ao habitar um construir?
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