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Menos não é mais. Sobre o ensino, formação e a falta de relevância do arquiteto

Neste artigo de Joao Marcos Lopes fica estampada, de maneira nua e crua, a realidade atual do ensino, na maioria das faculdades de arquitetura, e como estas formam profissionais alheios a realidade das cidades, das pessoas e principalmente, da maneira em como se materializa um projeto de arquitetura, tornado irrelevante a sua atuação no mundo profissional, na vida pública e política do país. O autor faz um breve apanhado sobre a história do ensino de arquitetura no Brasil, e afirma que “diversos aspectos relativos ao conhecimento tecnológico da arquitetura e do urbanismo vêm sendo sistematicamente negligenciados, encolhidos ou até mesmo deliberadamente suprimidos – desde sempre.

Para o autor, as faculdades de arquitetura formam profissionais que não tem aspirações, nem a capacidade, de mudar para melhor as cidades que habitamos. E essa falta de vontade ou interesse tem relação direta na sua formação acadêmica, a qual não possibilitou o desenvolvimento de um pensamento crítico sobre a arquitetura e o entendimento de que o arquiteto deve ter o domínio básico das práticas construtivas e aquelas que são relativas à interlocução entre projeto e construção ou, como ele chama, de tectônica.

No trecho a seguir o autor consegue resumir a situação atual da arquitetura, o ensino e a formação profissional no país:

Não seria pertinente afirmar que a Arquitetura perdeu relevância pública – e política – porque os arquitetos foram, cada vez mais, alijados do debate público; que, cada vez mais, impôs-se a lógica da reprodução desenfreada no contexto da produção do edifício e da cidade e que eles puseram-se à margem, esgoelando-se contra os rumos da história; que os poderes instituídos atropelaram suas boas intenções e que seu papel como profissionais capazes de pensar e produzir edifícios mais bonitos e úteis e cidades mais belas e saudáveis acabou em procrastinação e autocomiseração resignada. Pelo contrário: cada vez mais e mais os arquitetos vêm sendo formados por e para este mercado de trabalho, por e para esta e não outra conjuntura. E, paradoxalmente, é nesta condição que ele atua: em nome de sua autopreservação profissional, ao aceitar os encargos que o mercado lhe atribui – seja oferecendo seus serviços para atender a uma clientela elitizada que se permite contratar um arquiteto e muitas vezes para lhe demandar não mais que frivolidades, seja inserindo-se nas pontas das redes de ação dos gestores públicos –, o arquiteto acaba fazendo girar a roda a favor da manutenção da ordem vigente, conservando as insignificantes posições que o mercado de trabalho vem lhe reservando.

TÍTULO DO ARTIGO: Quando menos não é mais: tectônica e o ensino tecnológico da Arquitetura e do Urbanismo

NOME DO AUTOR: João Marcos de Almeida Lopes

ANO DE PUBLICAÇÃO: 2014

RESUMO: Esta comunicação pretende abordar aspectos da formação tecnológica do profissional arquiteto, considerando o atual estatuto de reconhecimento da profissão: o recorrente rebaixamento de sua relevância social e política no país. A partir de uma breve consideração histórica que procura demonstrar que, no Brasil, o ensino da Construção raras vezes protagonizou papel central na formação dos arquitetos, o texto traz o registro de algumas experiências didáticas vivenciadas pelo autor ao longo de mais de trinta anos de docência, de onde extrai a consideração de que a perda de relevância do ofício e o esvaziamento de sua significação social e política parece decorrer justamente da atrofia da relação do estudante – e do profissional, por conseguinte – com a produção material da arquitetura, com sua dimensão tecnológica e tectônica.

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