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Espaço, Corpo e Movimento. Pesquisa da espacialidade na arquitetura

No artigo de Douglas Aguiar vemos uma preocupação do autor pelo tema da condição espacial no campo da arquitetura e suas implicações na vida humana.  Para isso o autor se debruça sobre os conceitos de espaço e espacialidade iniciados no final do século XIX. A partir daí o artigo desenvolve sobre as pesquisas desenvolvidas até a vanguarda do movimento moderno e posteriormente em reconhecidos arquitetos e críticos como Bruno Zevi, Gordon Cullen, Bill Hillier e Julienne Hanson.

A crítica de Aguiar para os arquitetos é clara: há uma falta do entendimento espacial por parte da maioria dos arquitetos, que fica demostrada pelo ambiente arquitetônico e urbano produzido recentemente via projeto. E no âmbito teórico, segundo o autor, o quadro atual tende ao desolador, citando a S. Gartner:

A separação filosófica entre corpo e mente resultou em generalizada ausência da experiência do corpo nas teorias do significado na arquitetura. A ênfase no significado e em referências na teoria da arquitetura conduziu a uma concepção do significado como um fenômeno inteiramente conceitual, abstrato. A experiência, que está naturalmente associada à condição de entendimento (do mundo físico nesse caso), parece reduzida nessa concepção ao tema do registro visual de mensagens codificadas – uma função do olho que de fato pode muito bem confiar na página impressa e abrir mão integralmente da presença física da arquitetura. O corpo, quando esse comparece na teoria da arquitetura, é de modo frequentemente reduzido a um agregado de necessidades e restrições que devem ser acomodados através de métodos de projeto fundados em análises comportamentais ergonômicas. Dentro dessa estrutura de pensamento, o corpo e sua experiência não participam da constituição e realização do significado arquitetônico.”

E ainda, de maneira assertiva, levanta um questionamento lógico: se, de maneira geral, persiste um desconhecimento generalizado da materialidade da condição espacial, agravado pela inexistência de um patamar mínimo de consciência do papel do corpo e do movimento na montagem da equação arquitetônica, como seria possível esperar uma sensibilidade espacial por parte dos educadores. E assim eu me pergunto: sem esse entendimento do corpo no espaço e sem uma sensibilidade espacial, qual é a contribuição do arquiteto no campo da arquitetura, do urbanismo e da vida das pessoas? E pensando em um texto de Frederico de Holanda, o arquiteto acabará tendo de abandonar a sua área de conhecimento específica e se transformar em meio-economista, meio-sociólogo, meio-administrador etc., perdendo sua identidade profissional.


TÍTULO DO ARTIGO: Espaço, Corpo e Movimento. Notas sobre a pesquisa da espacialidade na arquitetura

NOME DO AUTOR: Douglas Vieira de Aguiar

ANO DE PUBLICAÇÃO: 2006

RESUMO:

O propósito desse texto é recuperar o tema da condição espacial, e suas implicações na vida humana, para o campo da teoria da arquitetura. A condição espacial tem sido em geral figurante secundário na teoria da arquitetura na qual, tradicionalmente, a apreciação estética e técnico-construtiva dos edifícios predomina de longe sobre a apreciação dos mesmos como artefatos espaciais dotados de valores simbólicos e de utilização vindos do modo de fruição no espaço.

Essa dimensão espacial da arquitetura é estudada, e tem sua performance investigada, no trabalho de diferentes autores desde o final do século dezenove.

Nessa linha o presente trabalho busca circunscrever esse campo do conhecimento e, mais que isso, mostrar que as teorias elaboradas por esses autores se sobrepõem conceitualmente, configurando hoje uma linha de pesquisa claramente identificável. Não tem, no entanto, essa revisão de literatura a presunção de esgotar a variedade de autores que tratam do assunto. De fato, mais importante que esses personagens é o modo como os conceitos por eles enunciados se encadeiam na formulação de uma teoria do espaço. Outrossim, a ambição aqui é a de despertar no leitor arquiteto, pesquisador e estudante o desejo de saber mais sobre o modo como a espacialidade opera na arquitetura.

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