Este trabalho/discussão/diálogo é ótimo. Depois da leitura fica aquela sensação de que deveriam existir mais publicações como esta. Precisamos discutir mais. Enfim, o texto tem uma parte muito interessante sobre a maneira em como “criamos” o projeto de arquitetura. Nesse trecho, apresentado como uma conversa entre a professora e uma mestranda, a professora Maria Lucia aborda a relação entre representação e criação no processo de projeto arquitetônico. Frente ao questionamento da aluna se a representação, embora não primária à criação, pode levar ao surgimento de novas ideias, a professora explica que a representação permite visualizar, criticar e aprimorar ideias e que a imaginação é fundamental nesse processo, argumentando que as modificações surgem da autocrítica das representações, e que a criatividade não reside na representação em si, mas na ideia original. E aqui o ponto interessante, enquanto a mestranda enfatiza a importância do desenho na concepção do projeto a professora ressalta que, embora dependamos de visualizações, a verdadeira criatividade provém do conhecimento e da crítica, e não da mera representação. E esse é um ponto que eu mesmo venho martelando há já um tempo. Nesta discussão fica evidente a complexidade da relação ou interdependência entre imaginação, representação e avaliação crítica no desenvolvimento do projeto. E me lembro agora do texto da professora María Isabel Alba Dorado, “Manos que piensan. Reflexiones acerca del proceso creativo del proyecto de arquitectura”.
TÍTULO DO ARTIGO: Sobre repertório e outras controvérsias
NOME DO AUTOR: Flavio de Lemos Carsalade, Maria Lúcia Malard
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2021
RESUMO: Este trabalho aborda algumas controvérsias teóricas e conceituais na pesquisa e no ensino de projeto de arquitetura e urbanismo, transcrevendo um diálogo intelectual entre dois professores sêniores. Primeiramente são apresentados os argumentos da professora Maria Lúcia Malard contrários ao entendimento da Arquitetura como linguagem e contestando a utilidade de algumas estratégias didático/pedagógicas para a “formação de repertório” no ensino de projeto. Em seguida apresenta-se a réplica do professor Flávio Carsalade, que justifica argumentativamente a pertinência e utilidade dessas estratégias, enfatizando a importância das pré-existências no processo cultural. O debate fica aberto. Espera-se o seu prosseguimento, rumo ao exame de outras controvérsias.
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