Quando Louis Kahn fala da “sala de correção”, no livro “Conversas com estudantes”, não há dúvidas da sua preocupação com o ensino, com o ambiente e com o cuidado que devemos ter com os alunos.
A sala de aula (comum) pode ser como um Jackson Pollock, mas quando você vai para a sala de correção, não. Deveria haver algo maravilhoso naquele lugar. Um local onde se pode tomar um chá… uma sala que deve ser sempre simpática. Sempre um santuário, não uma sala onde você sente que será julgado. Simplesmente um quarto maravilhoso. O espaço sagrado da escola de arquitetura.
O artigo a seguir de Marcos Favero nos dá uma luz inicial sobre a postura de Kahn frente ao projeto, a maneira de fazer arquitetura e a responsabilidade do arquiteto. Um bom artigo que incentivará ao leitor a procurar saber mais sobre o seu pensamento.
Nunca li um programa literalmente. É algo circunstancial. A quantidade de dinheiro que você tem ou onde ele deveria estar localizado e as coisas que você precisa não têm nada a ver com a natureza do problema. Então você procura a sua natureza e depois confronta-a com o programa. Observe a natureza de algo e você verá no programa o que deseja…
TÍTULO DO ARTIGO: Louis Kahn: arquitetura – concepção teórica e ensino de projeto
NOME DO AUTOR: Marcos Favero
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2017
RESUMO: A existência histórica de uma tensão, de uma relação problematizada entre teoria e prática no campo da arquitetura – no limite, entre academia e ambiente profissional –, na qual discursos tendem a um distanciamento da realidade, enquanto que a prática, carente de fundamentos que lhe confiram legitimidade, incorre no risco de uma produção irrefletida, corrobora para o estabelecimento de uma situação pendular: teoria x prática, em vez da instauração de uma forma relacional: teoria e prática. Considerando essa forma como um princípio, portanto fundamental no que diz respeito ao ensino de arquitetura, e mais especificamente de projeto, o artigo procura estabelecer uma via de ligação entre o trabalho de Louis I. Kahn e teorias e práticas vinculadas à reflexão sobre o ensino de projeto em arquitetura nos dias de hoje. Para tanto, busca compreender a postura adotada por Kahn – sobretudo pela percepção do discurso do próprio arquiteto – em relação ao fazer arquitetura, o que implica em compreender de que modo este interpreta a realidade, como define para si próprio a maneira de tratar o problema do projeto e o consequente rebatimento na sua forma de ensinar arquitetura, considerada aqui exemplar na medida em que caracteriza processo claramente delimitado e transmissível no qual a interpretação da arquitetura construída, como autêntica segunda natureza que a história foi gerando, encontra-se associada a valores básicos do projeto moderno, porém, ainda relevantes: humanismo, projeto social, vontade de renovação formal e tecnológica.
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