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Sobre o Programa no TFG de Arquitetura

Sobre o Programa no TFG de Arquitetura

Programa (…) é aquilo que faz um projeto cair em Arquitetura e não em outro lugar.

Juan Borchers1

Se para um TFG de arquitetura não podemos considerar o programa como tema de pesquisa qual é a maneira de encarar ele dentro do trabalho?

Primeiramente devemos deixar claro que o programa arquitetônico não pode ser pensado apenas como a somatória de cômodos com determinadas áreas ou, por outro lado, representar as suas relações por meio de um simples fluxograma.

O fluxograma acima é um exemplo do que muitos estudantes, e ainda arquitetos, utilizam para definir a estrutura formal ou partido do projeto. O problema está em transformar a espacialidade funcional da arquitetura em um agregado de cômodos, dentro de uma caixa, que logo serão “extrudados” com o pé-direito mínimo exigido pelo código de obras.

Ao contrário do que vimos acima, o programa arquitetônico deve ser pensado como um conjunto de exigências, condicionantes e conexões que permitam que a atividade humana se desenvolva na sua plenitude e deve ser abordado como síntese pré-composicional para a formulação conceitual do partido arquitetônico.

O programa, como dizia Isidro Suarez2, é uma criação conceitual, é o primeiro esboço da configuração do projeto apontando para o partido geral. Suarez apontava que, entendido o programa como enteléquia, este estava presente no início do projeto como a ideia-gatilho que o constitui e, ao final, como um padrão para verificar o cumprimento das intenções iniciais.

Por outro lado, o projeto poderia ser entendido como um modelo da realidade e, como tal, era uma realidade interposta que representa outra, que não é o projeto em si, mas sua potencial existência no mundo construído. Sendo o programa a base para este modelo da realidade, deve compreender, assimilar e entender os espaços (locais) essenciais para o desenvolvimento dos atos nele contidos, reconhecendo também, dentro da sua totalidade, hierarquias e simbolismos para cada um deles.

Santiago Vicente Calvo – Wikimedia Commons – “Interior Monasterio Benedictino 02”

Na nossa condição de arquitetos, na hora de projetar, devemos ser capazes de diferenciar quais são os atos principais, imprescindíveis para que aquele programa (atividade humana) aconteça, daqueles que desempenham um papel secundário dentro da totalidade.

Desta maneira essa “criação conceitual” do programa é fundamental na definição e hierarquização dos espaços que vão determinar os lineamentos iniciais da forma.


  1. BORCHERS, Juan (1968). Institución arquitectónica : con dibujos del autor / Juan Borchers Santiago de Chile : Ed. Andrés Bello, cop. 1968 ↩︎
  2. SUÁREZ, Isidro. “El programa arquitectural como entelequia del proyecto”. Cuadernos de la Facultad. Documentos 5. Universidad del Norte, Facultad de Arquitectura, Antofagasta, 1985. ↩︎
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