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Sobre o processo projetual em arquitetura

Sobre o processo projetual no TFG

“El que sabe mirar ve relaciones donde la mayoría solo ve cosas”Helio Piñón Projetar é uma atividade fundamentalmente intelectual, não mecânica e de alta complexidade, determinada por relações entre elementos pertencentes ao mundo das ideias e o mundo material. O projeto é o resultado aparente (visual) destas relações que tem como fim a sua materialização no mundo real, transformando-o, constituindo-se assim em uma práxis. Uma das características do processo de projeto é que o que é pensado adquire status de realidade por meio do exercício da imaginação ou, como Schön diria, o arquiteto faz uma imagem de algo a ser trazido à realidade, sem necessariamente telo representado ainda. Estas imagens carregam conceitos que são capturados e traduzidos graficamente pelo desenho. Essas representações são o ponto de partida para novos conceitos e imagens, estabelecendo assim uma produção dialética ou de retroalimentação no processo projetual. Traduzindo de maneira livre a Rafael Pina: “Projetar, portanto, constitui uma concatenação de atos que devem necessariamente ser de dupla natureza: por um lado, ações puramente intelectuais e, por outro, ações físicas que traduzem os conceitos para o mundo sensível, proporcionando um nível suficiente de materialidade que permite a sua leitura subsequente, tanto pelo próprio autor, quanto por outras pessoas.“ Maravilha, mas e aí? Pois bem, de maneira simples, você precisa se exercitar. Precisa resolver problemas (arquitetônicos) que lhe permitam “treinar” as suas habilidades intelectuais, compositivas e estéticas, por meio do exercício da imaginação e da representação. E se você tiver sorte de estar em uma faculdade onde a problematização também seja da sua incumbência, então melhor ainda, pois você terá de propor hipóteses, e testar elas através do seu projeto. E neste processo (problema, tentativa e avaliação) que vão melhorar as suas habilidades projetuais que com certeza você irá aplicar no mundo profissional. No fim, na hora de desenvolver o seu Trabalho Final de Graduação, você como futuro arquiteto, deverá ser capaz de expressar com claridade e fundamento o processo teórico do seu processo projetual. Dica: evite atitudes frívolas que façam do seu projeto um mero exercício de arte figurativa. Fuja do mito da genialidade subjetiva ou o da criatividade “inspiradora”. Seja coerente. Que o seu “discurso” esteja refletido na forma. Projetar é dar uma resposta unitária a uma infinidade de perguntas. Projetar é dar uma resposta simples a uma questão complexa. É tomar uma decisão diante de várias possibilidades. Projetar é gerar uma ideia que materializada, formalizada, é capaz de resolver todas as questões levantadas.Alberto Campo Baeza

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Sobre o Programa no TFG de Arquitetura

Sobre o Programa no TFG de Arquitetura

Programa (…) é aquilo que faz um projeto cair em Arquitetura e não em outro lugar. Juan Borchers Se para um TFG de arquitetura não podemos considerar o programa como tema de pesquisa qual é a maneira de encarar ele dentro do trabalho? Primeiramente devemos deixar claro que o programa arquitetônico não pode ser pensado apenas como a somatória de cômodos com determinadas áreas ou, por outro lado, representar as suas relações por meio de um simples fluxograma. O fluxograma acima é um exemplo do que muitos estudantes, e ainda arquitetos, utilizam para definir a estrutura formal ou partido do projeto. O problema está em transformar a espacialidade funcional da arquitetura em um agregado de cômodos, dentro de uma caixa, que logo serão “extrudados” com o pé-direito mínimo exigido pelo código de obras. Ao contrário do que vimos acima, o programa arquitetônico deve ser pensado como um conjunto de exigências, condicionantes e conexões que permitam que a atividade humana se desenvolva na sua plenitude e deve ser abordado como síntese pré-composicional para a formulação conceitual do partido arquitetônico. O programa, como dizia Isidro Suarez, é uma criação conceitual, é o primeiro esboço da configuração do projeto apontando para o partido geral. Suarez apontava que, entendido o programa como enteléquia, este estava presente no início do projeto como a ideia-gatilho que o constitui e, ao final, como um padrão para verificar o cumprimento das intenções iniciais. Por outro lado, o projeto poderia ser entendido como um modelo da realidade e, como tal, era uma realidade interposta que representa outra, que não é o projeto em si, mas sua potencial existência no mundo construído. Sendo o programa a base para este modelo da realidade, deve compreender, assimilar e entender os espaços (locais) essenciais para o desenvolvimento dos atos nele contidos, reconhecendo também, dentro da sua totalidade, hierarquias e simbolismos para cada um deles. Na nossa condição de arquitetos, na hora de projetar, devemos ser capazes de diferenciar quais são os atos principais, imprescindíveis para que aquele programa (atividade humana) aconteça, daqueles que desempenham um papel secundário dentro da totalidade. Desta maneira essa “criação conceitual” do programa é fundamental na definição e hierarquização dos espaços que vão determinar os lineamentos iniciais da forma.

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Sobre o ensino do Projeto e o TFG de Arquitetura

Sobre o ensino do Projeto e o TFG de Arquitetura

No seu artigo “O ensino do projeto de arquitetura e urbanismo no final do curso: uma reflexão propositiva para os trabalhos finais de graduação” (2016), o professor Sergio Moacir Marques nos traz uma visão pessoal e alguns questionamentos, muito pertinentes desde o meu ponto de vista, sobre o ensino de projeto e as suas implicações no desenvolvimento e apresentação dos Trabalhos Finais de Graduação dos cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil.

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Uma reflexão sobre a pedagogia do projeto de arquitetura

Uma reflexão sobre a pedagogia do projeto de arquitetura

Este livro, desde o ponto de vista do ensino e aprendizado da arquitetura, se apresenta, segundo os seus autores, como um ponto de partida para a constituição dos diversos e múltiplos conhecimentos, capacitações e visões requeridos para a geração das formas de edifícios e espaços urbanos.  É recorrente no livro a discussão sobre a dificuldade de ensinar projeto e a falta de exercícios práticos procurando desvelar novas formas de ensino. Por isso o livro traz uma série de ilustrações apresentando os processos e as proposta do ensino e descrevendo as estratégias didático-metodológicas empregadas. Segundo os autores, os textos relativos a aulas ministradas pretendem sinalizar a importância da busca de repertório nas diversas áreas do conhecimento, dada a complexidade do ato de projetar: da arquitetura à dinâmica urbana, da história à paisagem, dos sinais gráficos ao objeto, da estrutura à forma, do patrimônio construído ao ambiental.  Este livro se apresenta como uma significativa contribuição às discussões sobre a educação nas áreas de arquitetura e urbanismo e ressaltando a importância do ensino como atividade coletiva, envolvendo docentes, monitores e alunos. Assim, além dos textos dos organizadores, temos textos dos professores Feres Lourenço Khoury, Fábio Mariz Gonçalves, Euler Sandeville Jr., Myrna de Arruda Nascimento, Maria Assunção Ribeiro Franco, Rosana Helena Miranda e Anália M. M. C. Amorim. 

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Ensaio sobre o Ensino e outros aspectos da Arquitetura

Ensaio sobre o Ensino e outros aspectos da Arquitetura

Este pequeno livro, nas suas 236 páginas, reúne textos da autoria de cinco professores do Núcleo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU) da Universidade Federal de Minas Gerais, e nos apresenta a visões de cada um deles sobre a arquitetura, trazendo pensamentos que, entre aproximações e divergências, apontam para uma situação comum: a crise atual da arquitetura, esta última meio perdida, desumanizada, dissolvida, elitista e ausente de crítica. No nosso caso, o interesse radica no texto de Malard, que aborda questões conceituais que permeiam o ensino, a pesquisa e a prática da Arquitetura. No seu texto Malard divaga sobre as dificuldades existentes na demarcação dos territórios da Arquitetura e do Urbanismo, principalmente na pesquisa e no ensino. No caso do ensino de projeto propõe outros valores para a formação dos arquitetos, distintos do reprodutivismo e voltados para o desenvolvimento de um pensamento crítico e prospectivo dos alunos e professores. Um texto interessante para o qual gostaríamos de uma continuação. TÍTULO DO LIVRO: Cinco Textos Sobre ArquiteturaNOME DO AUTOR: Maria Lucia MalardEDITORA: UFMGANO DE PUBLICAÇÃO: 2008 INTRODUÇÃO: A Arquitetura configura o espaço da existência humana, envolvendo todas as coisas com as quais lidamos no cotidiano. Por isso, a Arquitetura abraça as demais manifestações de cultura e não se subordina a nenhum campo disciplinar, nem a métodos advindos de outros saberes. Ao contrário, ela se efetua na interdisciplinaridade e na pluralidade de abordagens metodológicas, tecnológicas, analíticas e críticas. É, portanto, um campo de aplicação de conhecimentos que, ao se associarem, acabam por constituir um corpus específico, o qual pode ser objeto de investigação e conhecimento.Conhecer a Arquitetura significa, pois, explorar diversos âmbitos do saber, tais como a História, a Filosofia, a Arte, a Tecnologia, a Psicologia e outros mais. Como campo de aplicação, a Arquitetura sempre terá uma interface tecnológica que a edifica e a torna habitável. Essa interface é a mais estudada e, conseqüentemente, é sobre ela que versa a fatia maior do conhecimento arquitetônico disponível. Como mediadora dos eventos humanos, a Arquitetura terá, certamente, uma carga simbólica a ser revelada e mecanismos operacionais a serem compreendidos. Como objeto de cultura ela fala à sensibilidade, precisando ser, assim, analisada criticamente.Os cinco textos que são apresentados neste livro, todos da autoria de professores do Núcleo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (NPGAU) da Universidade Federal de Minas Gerais, abordam diferentes perspectivas teóricas, analíticas e críticas que podem contribuir para o desenvolvimento do saber arquitetônico, em algumas de suas interfaces. ONDE ACHAR: Amazon – Estante Virtual

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Você sabe o que é o Partido em Arquitetura?

Você sabe o que é o Partido em Arquitetura?

O partido é o prenuncio da forma, apresentado de maneira gráfica… ou seja, um desenho. O partido é um croqui ou diagrama onde as ideias e conceitos se transformam em um conjunto comunicável de indicações que norteiam o projeto. Ou seja, uma imagem que você apresenta e o outro entende. O partido é a representação gráfica de um processo intelectual, onde ideias são plasmadas em um conjunto coerente e unitário. O partido deve ser pensado como a antecipação figurativa inicial do projeto. Mas para chegar nesta antecipação figurativa precisamos de todo o conhecimento que adquirimos previamente. Assim, não haverá partido sem fundamento. Mas não pense que o partido aparece como passe de mágica. Mesmo com todo o conhecimento na cabeça, chegar nele será um processo de desenho/design, com erros e acertos. Com avanços e retrocessos. Na maioria das vezes, mais retrocessos do que avanços… Tá, mas de onde eu tiro o meu partido? Excelente pergunta para uma questão complexa. O partido não nasce de uma inspiração momentânea, abstrata e desligada da realidade. Pelo contrário, este é reflexo do conhecimento e o entendimento do arquiteto sobre todas as variáveis envolvidas: tema, problema de pesquisa, programa, lugar, contexto (clima, pessoas, cultura, história, etc.), material, recursos e normativas. Também não vale de nada você “desenhar” o seu partido depois de ter o projeto pronto. O partido deve vir, de maneira natural, através do conhecimento adquirido ao longo da sua pesquisa inicial e levantamento das variáveis. Aí, com auxílio da imaginação (tipo Bob Esponja), o arquiteto será capaz de antecipar o resultado figurativo do projeto. A esta antecipação figurativa inicial chamamos de partido. E não pense nele como único ou estático. O partido é o gesto inicial, mas este vai se ajustando ao longo da pesquisa no projeto de arquitetura. Ele acompanha as decisões de projeto e os rumos que este toma ao longo do seu desenvolvimento. Sacou? Curta. Compartilhe. Comente

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Lugar para o Projeto de TFG de Arquitetura

Como escolher o Lugar para o Projeto de TFG?

Primeiro, qual é a importância do lugar? Perceba que o lugar traz condicionantes espaciais, tipológicas, funcionais, histórico-culturais, sociais, afetivas dentre outras, e não apenas aquelas de ordem normativa ou bioclimática. Devemos entender o lugar como espaço habitado pelo homem, dentro de um determinado tempo e um determinado contexto social e cultural. Sabendo disso percebemos que não é qualquer lugar que vai nos permitir incluir o programa do nosso projeto. Por exemplo, não é numa zona residencial que vou locar o meu Santuário para Animais ou meu Centro de Equoterapia. Também não vou pensar em locar uma biblioteca pública no meio do mato. Dito isto, que aparenta ser obvio, percebemos que, assim como há restrições, também haverá condicionantes que poderão potencializar o nosso projeto ou a nossa pesquisa. Por exemplo, se o meu tema tivesse relação com a paisagem e de como esta ajudaria a constituir um espaço de convívio, dificilmente obteria resultados encorajadores no meio de uma área densamente construída e sem elementos naturais em volta. Se o problema de pesquisa do meu tema tivesse relação com a superposição de estruturas para configurar limiares entre o espaço público e o privado, seria de muito mais valia encontrar um lugar onde acontece de fato uma vida urbana consolidada para testar a minha hipótese. Se fosse para revitalizar uma área por meio do projeto, o contrário seria o ideal: ou seja, uma zona urbana degradada. Entendido o que pode e não pode, vamos ver o que precisamos “descobrir” do lugar. Quais são as condicionantes do lugar que afetam ao projeto Dependendo do lugar escolhido, existirá um maior ou menor grau de complexidade nas condicionantes que afetam o projeto. Para nos aproximar deste conhecimento precisamos fazer uma análise dos dados objetivos, mas também daqueles onde incide a subjetividade e a experiência do observador. Se começamos pelo contexto físico A análise começará pelo terreno, a sua orientação, dimensões métricas, incidência solar, limites físicos etc. Segue-se pela análise do entorno urbano, reconhecendo a morfologia, espaços de uso público, sistema viário, pré-existências históricas, infraestrutura etc. Indo para o contexto social Deveremos analisar os traços essenciais que o caracterizam, revelando as relações existentes entre os aspectos históricos, culturais, econômicos e religiosos do lugar. Já, na abordagem do contexto espacial-arquitetônico Precisaremos fazer uma leitura poética ou sensível do lugar, fazendo uma valoração seletiva, intuitiva e intencional da realidade, selecionando as qualidades características do contexto nos aspectos perceptivos e sensíveis e das suas relações espaciais com o lugar. E aí, gostou?

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Você sabe o que é o Tema para um TFG de Arquitetura?

Você sabe o que é o Tema para um TFG de Arquitetura?

De maneira simples, o tema para uma “pesquisa arquitetônica” é aquele que tem relação com os CONCEITOS específicos da nossa profissão, e que em geral podem ser aplicados ou transferidos para outras situações de projeto: espacialidade, materialidade, técnicas etc. Espacialidade – Materialidade – Técnica Um erro comum é acreditar que um programa possa ser considerado como um tema para uma pesquisa em arquitetura. Tipo, a minha pesquisa é um “Centro de Equoterapia”, ou a minha pesquisa é um “Planetário”. Ambos são exemplos de programas e não de temas para uma pesquisa em arquitetura. Por outro lado, a pesquisa em arquitetura não é uma pesquisa cientifica, como a realizada nos programas strictu sensu. A pesquisa em arquitetura está estreitamente ligada ao projeto e seu desenvolvimento. Mas como? Um tema em um TFG de arquitetura deve conter um conceito relativo à arquitetura ou urbanismo que permita a você pesquisar sobre um assunto da nossa área. Por exemplo, – Dualidade cheio/vazio na composição de espaços contínuos; – Renovação, requalificação ou revitalização dos espaços públicos; – Paisagem urbana e natureza construída; – Permeabilidade de coberturas em madeira laminada; – Estruturas modulares aplicadas em conjuntos residenciais; Desta maneira o problema de pesquisa é uma questão específica que você quer investigar dentro do seu tema. Mas, e aqui está o que interessa, para poder formular essa questão em arquitetura você precisará de um projeto. Seja para uma questão arquitetônica ou urbanística. A diferença de outras áreas do conhecimento, a pesquisa no TFG de arquitetura vai sendo realizada ao longo de todo o processo, ajustando e validando as decisões durante e até a finalização do projeto. E para formular o projeto você precisará do programa. Pois é, é aqui que entra o programa. Programa é aquilo que vai dar sentido ao projeto e que vai permitir desenvolver a sua pesquisa. Agora junte o nome do seu tema ao do programa e você terá o nome do seu projeto. Por exemplo: – “Dualidade entre cheio/vazio na composição de espaços contínuos em edifícios de uso público. Centro de Capacitação de Belém-PA”; “A madeira laminada como envolvente de espaços permeáveis. Novo Centro Comunitário de Campinas-SP”; “A paisagem como elemento ordenador do espaço público. Revitalização no entorno da feira de São Joaquim, Salvador-BA”; “Estruturas modulares aplicadas em ambientes de ensino – Containers na execução da Escola Montessori de Londrina-PR”. E aí, ficou claro?

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